Cultura Inútil

Uma ode ao conhecimento desnecessário acumulado ao longo dos anos ou a reunião de lembranças de leituras infinitas de enciclopédias (Acredita que tive que explicar para minhas filhas o que era en ci clo pé dia?!?! Essa geração pós-google é inacreditável...) e dicionários por essa viciada confessa em livros, letras e quase tudo que foi, é ou possa ser... escrito e descrito. Preto no branco, com todas as nuances de cinza no meio, só pra fazer recheio.
Nada disso tem utilidade (liga o som do "tô nem aí..."), mas que é que interessante... é:


Avacalhar: Vou avacalhando desde o início, rs. Avacalhar é desmoralizar, ridiculizar. Vem de vaca, que em francês tem sentido de covarde - gíria francesa: vache. A palavra surgiu em 1913 no Brasil, durante a campanha de Hermes da Fonseca, que disse que certos políticos teriam se "avacalhado" por não terem se revelado contra Pinheiro Machado, conforme teriam prometido. O fato foi fartamente comentado e a nova palavra virou moda entre jornalistas, caricaturistas e humoristas da época, caindo no gosto popular. Nosso povo adora avacalhar mesmo!

Abracadabra: Que criança não conhece essa fórmula mágica? A palavra vem da expressão hebraica abreg ad hàbra que quer dizer: arremessa teu raio até a morte. No original compõe-se de 9 letras e a disposição da letra aleph sobre a linha esquerda do triangulo desempenha um papel mágico por sua presença 9 vezes repetida. Na Idade Média era popular um talismã, que posto em torno do pescoço, teria o poder de curar febre e diversas doenças. Era um triangulo invertido, como um funil. Funcionava? Sei lá! Testem se quiserem...
ABRACADABRA
ABRACADABR
ABRACADAB
ABRACADA
ABRACAD
ABRACA
ABRAC
ABRA
ABR
AB
A

Alfinete: Há algo de lindo e poético sobre os alfinetes, dá para imaginar? Na China antiga (sec. V a.C.) houve uma rainha de notória beleza, uma Vênus oriental, que inspirou os seguintes versos:
"... Ao alvorecer, era apenas uma moça como as outras, na beira do Yueh-Tchi. À noite, porém, transformava-se na rainha do reino de Wu."
Seu nome era Hsee-Chee e inspirou não só poetas, mas filósofos e políticos da sua época, tornando-se um símbolo democrático. Durante o dia vestia-se com a simplicidade do povo - um alfinete de madeira* a segurar os cabelos e roupas feitas em tear caseiro - necessária para as lides domésticas às quais não se furtava. E durante a noite, dentro de suas vestes reais, era o mais puro explendor da nação. Até hoje, naquele país, usa-se a expressão "bela como um alfinete de madeira e uma saia de tear" para simbolizar a beleza natural de uma mulher. Quem diria?
* Para quem ainda não percebeu... o tal alfinete de madeira é aquele "palito" oriental que muitas de nós usamos para prender coques até hoje. Ok?

Assassino: Devemos o uso dessa palavra ao explorador veneziano Marco Polo. A história é essa: Havia na Síria - 1254 a 1324 - uma seita radical liderada por um certo "Velho da Montanha" que matavam líderes cristãos e mulçumanos com grande crueldade, devidamente estimulados por promessas de valiosas recompensas divinas e pelo uso de uma bebida à base de haxixe (hachich, em árabe). Os membros da seita eram conhecidos por hachichi ou hachachi (bebedor de haxixe), a palavra passou para o italiano como assassino e depois de um tempo seu sentido se ampliou para homicida. Sempre aprendendo...

Asterisco: Essa é puro grego, asterískos, seguido de perto pelo companheiro latinizado, asteriscu. Aster é estrela, isco é o diminutivo padrão. Ou seja, o símbolo gráfico * é mesmo um asterisco, uma estrelinha. Fofo, exceto por umas pessoas que insistem em chamar o asterisco de asterístico... ai, que vontade de chorar.

(última atualização: 13-02-2012)
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