quarta-feira, 17 de abril de 2013

Made in Peru (7)

Cusco... Cusco! Enfim, Cusco. Chegamos.

Capriche no $$ se não quiser ouvir algumas pragas.
Aos que forem se aventurar pelo Peru e fizerem a conexão Lima-Cusco, um lembrete... é preciso chegar no aeroporto com 2 horas de antecedência, apesar de ser um vôo local. Viagens internacionais requerem que se chegue 3 horas antes para o check in. Claro que os agentes de viagem da Ok e do HU não avisaram isso pra gente. Não há muito o que se fazer por lá - no aeroporto - além de tomar frappuccino no Starbucks (e usar seu wi-fi free) e comentar sobre os preços abusivos das lojinhas, como em qualquer aeroporto. Se tiver leve seu laptop para fazer algo de útil ou só matar o tempo... enquanto mofa esperando sua vez.
O vôo foi rápido, a paisagem incrível. Mal dá para acreditar que vai ser possível pousar naquela rodoviária  que chamam de aeroporto, incrustada no meio de todas aquelas montanhas. Emocionante. A primeira impressão não é boa... morros e mais morros tomados por barracos, estilo favela. Sorry, não acho favela bonita, seja pela estética ou pelo conceito. Não acho bonito no Rio, no Brasil, não acharei bonito em nenhum lugar do mundo. Não é um lugar adequado para ninguém viver, falta segurança, saúde, transporte, serviços públicos em geral, planejamento urbano, et cetera. Não faço parte da turma que acha legal isso de glamourizar favela. Cusco é uma cidade grande, maior do que imaginava, e sofre com a favelização. Sinal de descaso e despreparo do poder público, sinal de que a pobreza está instalada. Uma pena. 
Negociamos um taxi e fomos para o hotel. Dizem que Cusco é a cidade que mais cresce no Peru, não duvido. Pena que cresce desordenadamente. Nos contaram que tem uma parte nova e moderna sendo construída, não chegamos a ver. Do aeroporto ao hotel tudo que vimos foi pobreza. Nada sujo, nada horrendo, mas... tudo pobre, feio, decadente e acabado. O hotel em que ficamos ficava ao pé de um morro e o engraçadinho do taxista nos assustou dizendo que o presídio ficava ali do lado, nosso vizinho. Pensa no susto! Depois descobrimos que não, que aquele muro horrendo era só de uma fábrica de cerveja. Ainda assim, não era o que esperávamos e estava muito abaixo do mínimo... tendo em vista o que pagamos. Sem falar que o hotel estava em reforma. Pensa na delícia de acordar com pedreiros quebrando tudo e fazendo algazarra. É sou chata. Não gostei nem um pouco do lugar, apesar dos funcionários serem gentis e o aquecimento funcionar. A temperatura na cidade é fresca e mesmo no verão é preciso aquecer o quarto para dormir bem, debaixo de um bom edredom. 
São gostosas
Chegamos, deixamos nossas malas... maldizemos o Hotel Urbano só pra não perder o hábito e fomos passear a pé. Em pouco mais de dez, quinze minutos no máximo, chegamos ao centro de Cusco, no casco antigo. Ah, aí foi paixão à primeira vista. Deleta tudoooooooooooooooo o que disse antes. Quem liga pras favelas ou pra pobreza? Isso é problemas deles e seus governantes. Quem liga pro hotel fajuto? Quem liga pra qualquer coisa desagradável? Estávamos em Cusco e seu centro histórico era tudo o que prometia e muito mais. Fiquei boba... já era hora do almoço, mas tudo que queria era caminhar por ali. Parar para comer seria perder tempo. O Templo do Sol - Qurikancha, atual Igreja e mosteiro dos Dominicanos, nossa primeira parada... show. Atenção: paga-se para entrar em tudo, a dica se quiser conhecer as igrejas sem pagar é entrar no horário da missa e ficar. Ali em volta tem sempre umas doces meninas e sorridentes senhoras com trajes típicos prontas para tirar fotos (e nos outros monumentos em geral), elas dizem que é para pagar o que e se quiser. Na real,  se você não der um bom $$ dinheiro pras figuras elas saem praguejando em quichua, kkkkkkkkk. O espanõl em Cusco está mais para a segunda língua... que eles usam para falar conosco, os turistas. Entre si só falam praticamente em quichua... não dá pra entender pa-ta-vi-na. Seguimos para Avenida El Sol, subimos em direção à praça mayor... encanto puro. Paramos no banco para pagar a entrada (reserva feita pela internet) de Machu Picchu no dia seguinte, pouca fila.
Cusco antigo é poesia em forma de pedra e madeira. A presença espanhola está lá inegavelmente... mas dá para ver e sentir a força da cultura inca em tudo. Nem pense em elogiar alguma construção ou arte de origem espanhola, há traços ainda de um forte ressentimento pelo fim do império inca e os locais só sabem reclamar e menosprezar o período colonial. Em nome do renascimento do orgulho indígena desdenham tudo que não for inca. É preciso lembrar que a cidade era a sede do império, seu fim é lamentado até hoje. Apesar disso é inebriante a mistura arquitetônica e cultural. Fiquei intrigada com as casas e seus balcões coloridos... ou eram verdes, ou azuis ou marrons (nesse caso entram os em madeira natural). Achei que isso tinha algo por trás... afinal porque só essas cores? Fui descobrir que sim, tinha motivo. Os balcões verdes eram de uso exclusivo da nobreza colonial made in España, os azuis marcavam a presença de sangue nobre inca (sim, eles também exigiam seu "reconhecimento") e os marrons eram dos ricos que não tinham "pedigree", mas tinham posses o suficiente para terem status naquela sociedade fragmentada. Até hoje as casas seguem portando suas cores "nobres" originais. Just it.
plaza mayor
Por volta das três da tarde comecei a sentir uma baita dor de cabeça e pensei que era por conta da altitude. Tem gente que fica ruim mesmo, nos hotéis tem folhas ou chá de coca a vontade para evitar esse mal. Não provei nada nesse primeiro dia, maridex mascou umas folhas de coca e ficou todo decepcionado por não ver ets nem "viajar" na maionese, kkkkkkk. Disse que o chá de coca tem gosto de chá de alfafa e que não sentiu diferença nenhuma em termos de disposição. Problema de altitude, qual nada. Era fome mesmo, rs. Paramos para comer uma truta, bem boa. Amoremio escolheu uma com molho de limão, estava melhor do que a minha acompanhada de legumes. Já notaram que essas férias viraram turismo culinário?
Ficamos andando a esmo (não exatamente... tinha um mapa da cidade nas mãos e sabia onde estava e onde queria ir) pelo centro, entrando sem compromisso em igrejas, museus, conventos, galerias, lojas, ateliers. A praça principal é deliciosa... dá vontade de sentar por ali e ficar só apreciando. Ao redor algumas tantas lojas e restaurantes, todos com balcões entalhados. O artesanato local é de qualidade bem superior ao que encontramos em Lima e negociando dá para conseguir preços menores do que na capital. Quase me arrependi por ter comprado o quadro da Santinha lá. Quase, só que por sorte não encontrei nenhum outro que gostasse tanto ou mais do que aquele. Fiquei tonta com tando para se ver... O sol começou a se por e o centro conseguiu ficar ainda mais bonito à meia luz. De noite então ficou super romântico, a iluminação da cidade não é exagerada, o que estragaria todo o clima. A luz amarelada dos postes antigos junto com a iluminação bem feita dos monumentos históricos tornou a cidade ainda mais bela durante a noite.
Entramos na igreja dos jesuítas para assistir a missa. Belíssima, tanto a igreja quanto a cerimônia. Confesso que fiquei dividida entre apreciar a arte barroca e prestar atenção na voz aveludada do padre. Não era permitido tirar fotos. Nem tudo é perfeito. Ao lado dessa igreja tem um centro de artesanato mantido pelos jesuítas, foi onde encontrei o artesanato mais bem feito de toda região. Caro é verdade, mas bem acima da média local em termos de qualidade. Ficamos babando... não deu para comprar nada. Já tínhamos empenhado o dindim no quadro da Santinha e em outros 3 pequenos portraits ... não dava para fazer mais nenhuma extravagancia monetária. 

Continuamos a andar pelo centrinho, lotado de pousadas e hosteis e hotéis (melhores e pelo mesmo preço ou menor) do que aquela droga em que estávamos. Entramos numa operadora turística para acertarmos um passeio pelo vale sagrado inca. O guia foi super atencioso e falante nos contou muito sobre a cidade e seus arredores. Cheguei a ficar com vergonha quando disse o hotel em que estávamos hospedados... precisa ver a cara que ele fez. Sorte que foi educado o suficiente para não ficar fazendo perguntas indelicadas. Percebeu que tínhamos entrado numa furada e ficou na sua. Combinamos a excursão pelo Vale Sagrado. Sofri quieta o dia perdido em Lima, por conta dele perdemos a chance de ir a Puno (Lago Titicaca) que era um dos meus objetivos. Deixa pra outra vez, quem sabe... Fizemos planos de retornar em Cusco com as meninas. No fim acabamos por ir jantar numa pizzaria que ele indicou. Nos divertimos um pouco quando ele disse que devido a grande imigração italiana (onde?) Cusco tinha as melhores pizzas de toda Sudamérica. Bairrismo realmente é uma coisa lindya, kkkkkkkkkkk. A pizzaria era legal, a pizza boa tendendo a "passável" e o que valeu mesmo foi encontrar um monte de brasileiros (a gente vira amigo de infância de qualquer brazuca quando estamos fora de casa, rs) nas mesas ao lado. Ficamos conversando, trocando informações de passeios e impressões, fazendo farra e rindo um bocado da "melhor pizza". O paulista então... gargalhava da pretensão cusquenha. 
Opções não faltam na Nevada.
Ah, quase esqueço: provamos duas tortas deliciosas numa confeitaria - Nevada - bem na praça mayor, fica a dica para quem for por lá, passem nela se quiserem comer um doce. Escolhi a pirâmide de chocolate, boa! Amoremio ficou com a selva (floresta) negra. Boa também.
Voltamos de taxi para o hotel porque ficamos com medo de passar pelo suposto presídio durante a noite. Tínhamos acreditado na informação... turistas feitos de bobos: nós. Trollados em Cusco.
Amanhã: Machu Picchu!!!

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