terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Filho de milico nasce enrolado no pavilhão nacional.


Meu sobrinho entrando na Especex - terceira geração. 

Ser filho de

milico?



Ser filho de milico é se acostumar com despedidas e ainda assim sofrer com elas. É conviver com saudades, é descobrir novos costumes, conhecer novas cidades ou até mesmo países. 

É ficar com raiva de ter que ir embora, é se adaptar, é aprender a gostar de novo e de novo, e de novo. É saber que logo vai estar com o coração apertado, pois filho de milico não tem paradeiro. 
Ser filho de milico é adaptação. É ser o rei da adaptação, cair de paraquedas quase todo ano numa escola nova, numa sala nova, com professores e colegas novos e se virar. 
É entrar em colégio militar assim que der. É logo fazer amizade no primeiro dia, afinal, todo mundo ali... se entende. 
É saber e falar todas aquelas gírias de quartel e misturar todos os sotaque do país com a maior naturalidade. 
Ser filho de milico é saber que vai se mudar até não aguentar mais. É ficar esperando pela tranferência, é não saber onde estará no ano que vem, nem no próximo. É chegar ao fim do ano e   tentar descobrir pra onde seus amigos vão e se tem algum conhecido chegando. É reclamar disso tudo. E quando finalmente se assentar num canto, achar a vida "normal" um tédio. 
É não ter casa, e sim pnr. 
É saber o hino nacional, o hino da bandeira (e até o do exército!) e ir assistir o pai desfilar no sete de setembro. 
Ser filho de milico é ter várias gírias, sotaques e experiências. Afinal a gente nasce num canto do país e depois vive feito cigano,  cada dois anos em um lugar diferente, de norte a sul, leste a oeste. 
É ter história para contar, muita história. E ficar apertado quando contar uma história porque não se lembra do nome do seu amigo de infância, aquele de quem não vai se esquecer jamais, mas... cujo nome se perdou no meio de tantos. 
É ter centenas de "tios e tias" da família militar espalhados pelos quatro cantos do país. E conhecer e conviver mais com eles do que os seus tios de sangue.
É namorar a distancia e sofrer em dobro na adolescência. É gastar absurdos na conta do telefone. É dar vivas pela existência de orkut, facebook, skipe, msn e cia. 
É conhecer gente em todo canto do país. 
É perder amigos, refazer amigos, reencontrar amigos. É descobrir o sentido de verdadeira amizade, aquela que supera toda distância e todo tempo. 
É descobrir que paciência é o melhor remédio para tudo, especialmente para a saudade. É saber que o tempo não pára, e que a gente também não.
Ser filho de milico é não ter muita frescura, é ter a mente aberta, é abrir os horizontes. 
É ter fé na vida, é conviver - bem ou mal - com isso tudo e saber que a única coisa certa na nossa  vida é que sempre haverão caixas e caminhões de mudanças. 
Ser filho de milico é tirar felicidade de tudo isso. 
É amar o seu estilo de vida exatamente do jeito que é, apesar dos pesares, é superar-se e ser guerreiro desde o berço.
É no final das contas, descobrir que é acima de tudo brasileiro e morre de orgulho do país e do pai, esse pobre idealista que nos carregou pelo Brasil afora durante todo esse tempo.
Ser filho de milico é nascer enrolado no pavilhão nacional.
É ter sangue verde e amarelo correndo nas veias.
Eu também sou filha de milico.
Sou filha, esposa, nora, cunhada, amiga, tia e mãe (pimpolha já está no CM e vai ser "promovida" a segundo tenente, pode isso?) de milico.
E me orgulho muito disso!


2 comentários:

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